Internet, maternidade e educação infantil: essa combinação dá certo?

Internet, maternidade e educação infantil: essa combinação dá certo?

Que esse ano de 2020 tem sido de grandes reflexões e aprendizado para todos, é ponto pacífico. São tantos pontos, tantos aspectos que acho que poderemos conversar sobre o que foi este ano ainda por muito tempo.

Quem me acompanha aqui no blog e nas mídias sociais sabe como foi e ainda está sendo desafiador o ano letivo das crianças. Desde dezembro de 2019 eles não vão à escola presencialmente.

Fomos para o Brasil, voltamos e o contato que as crianças tem com a escola tem sido através da Internet. 

Eu sempre fui muito tradicional (para não dizer chata) em relação a educação das crianças. Até então, entendia que a Internet era uma forma de lazer e um tanto quando inútil diga-se de passagem. Não fazia parte da minha “rotina” acessar aulas online, livros virtuais e tampouco achava que era possível que as crianças conseguissem manter o foco para acessar a escola virtualmente.

A surpresa para mim veio enquanto ainda estávamos no Brasil e a escola aqui em Hong Kong criou uma plataforma de ensino à distância. As aulas eram gravadas e eles tinham um prazo para assistir o conteúdo e enviar a tarefa de casa. Depois de um tempo, anunciaram que devido a situação as crianças teriam aulas on-line e que inclusive fariam provas. Foi um desafio enorme porque são 11 horas de fuso horário, as crianças começavam as aulas às 23:00 e iam madrugada adentro.

Foi fácil? De jeito nenhum mas conseguimos fazer a coisa funcionar.

Mais do que as aulas, o acesso à internet possibilitou as crianças a manterem contato com os amigos e professores que estavam literalmente “do outro lado do mundo”, e isso foi muito importante para eles não se sentirem tão distantes da nossa vida.

Arthur estava tão saudoso que aprendeu a entrar no “Google Earth” e ver nosso bairro, a escola e nosso prédio, on-line.
Fez um grupo no Whatsapp para conversar e trocar experiências com os amigos que também estavam em seus países de origem. Sei que para esse essa interação foi muito importante.

Mas como fazer bom uso da Internet?

Tudo mudou para mim quando entendi que a Internet é uma ferramenta, simplesmente um meio para acessar informação. Não é algo bom ou ruim. Na verdade, nós é que determinaremos a qualidade do que acessamos.

Eu tinha uma falsa impressão que se permitisse que meus filhos ficassem muito tempo conectados, eles poderiam “emburrecer”, pois associava a eles estarem conectados a jogos e vídeos inúteis. De repete pensei o seguinte: Qual é a diferença de um conteúdo ruim na internet e um conteúdo ruim na televisão? Seu filho também pode “emburrecer” assistindo programas de conteúdo duvidoso na televisão.

É claro que a Internet nos demanda mais atenção uma vez que a possibilidade de interação com outras pessoas é muito maior (costumo associar a internet com um centro da cidade, você encontra de tudo, bom e ruim). Mas já vou chegar nesse assunto.

Daí vem a minha primeira pergunta: Por que você permite que seu filho acesse Internet, televisão, leia livros e gibis, vá na casa de um amigo ou tenha outras formas de entretenimento?

Porque se você está liberando qualquer um desses tipos de lazer porque quer ter um minuto de paz em casa, conseguir fazer uma refeição decente num restaurante ou qualquer coisa parecida, acho que você pode estar colocando seu filho em risco não só na internet como em todos os outros aspectos.

É importante, além de saber o conteúdo virtual que sua criança tem acesso, saber o que ele assiste, lê e com quem convive. Você já parou para pensar nisso?

Quando parei para fazer essa reflexão, tudo mudou para mim. A convivência virtual e pessoal com outras pessoas não tem o objetivo de agregar conhecimentos e proporcional a oportunidade para que a criança desenvolva autonomia e habilidade social?

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A partir deste ponto podemos avaliar que, ao invés de utilizarmos essa ferramenta como uma babá ou no outro extremo, proibir que nossos filhos tenham acesso a tecnologia, não devemos ter uma conversa aberta e franca sobre os riscos, os problemas e as consequências de um uso indevido? Não só sobre a internet, mas sobre amizades, televisão e até literatura! Conversar e orientar é a melhor pedida, sempre!

Confesso que por aqui concedo liberdade vigiada. Converso e oriento muito mas tenho acesso a tudo o que meus filhos acessam e conversam na rede.

Agora, parto para a segunda pergunta: Você conhece a ferramenta? É capaz de saber o tipo de assunto que seus filhos pesquisam, quem são os amigos virtuais, o que jogam?

A internet é o futuro, quando eu era criança pesquisava em enciclopédias físicas enormes (quem não se lembra da Barsa?), escrevia meus trabalhos a mão e entregava para a professora corrigir.

Até outro dia, todos os meus livros eram físicos e meus amigos eu só conhecia pessoalmente (achava impossível essa coisa de amigo virtual).

Já a geração dos meus filhos, nasceu sabendo como ligar o celular e Google, Whatsapp e “touch screen” são as coisas mais comuns do mundo, e sabe se lá quais os outros recursos tecnológicos estão por vir!

Acho impossível orientar, se precaver e fazer bom proveito dessas funcionalidades sem conhecê-las e aí sim, o risco é enorme!

Na própria rede é possível acessar sites que ensinam como utilizar e gerenciar mídias sociais. Também existem inúmeros aplicativos de controle parental onde, além de conseguirmos limitar o conteúdo acessado pelos pequenos, também conseguimos ver o que e com quem têm conversado e estipular o tempo de conexão.

E na sua casa, como você lida com a internet? Para você é uma aliada ou rival?

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