Série religiões na China: taoísmo
Conforme prometido, vou contar para vocês um pouco do que tenho visto a respeito das religiões da China. Todo domingo vou postar a respeito deste assunto e hoje começaremos com o taoísmo.
Confesso que antes de me mudar para Hong Kong nunca tinha ouvido falar desta religião. Depois de pesquisar e conversar com alguns colegas locais percebi o tamanho da minha desinformação, para não dizer ignorância rs
Para entender a religião mais antiga da China, é importante perceber que não era uma religião (não da forma como nós do ocidente entendemos), mas um ensinamento ou filosofia espiritual, promovido por pessoas altamente educadas, chamadas “sábios”. Saiba mais no texto onde explico sobre as religiões da China:
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Para a população, não se trata de um culto religioso, embora tenha surgido da crença inicial de que existe uma ordem natural ou um “caminho do céu” que se pode conhecer vivendo em harmonia com a natureza.
O taoísmo ou daoísmo tem suas raízes na filosofia chinesa antiga. Pode ser entendido como uma filosofia natural, algo como uma ciência da vida e tornou-se uma religião popular de muitas divindades, com derivações e práticas relacionadas que variam do fengshui ao tai chi e a tradicional medicina chinesa (que por acaso é incrível!)
Seu fundador foi Lao Tzu e suas doutrinas são baseadas em seus escritos sobre o tao (ou dao) que podem ser entendidos como “o caminho”. O taoísmo está centrado nos “três tesouros”, que são: humildade, compaixão e frugalidade.
Atualmente, o taoísmo contemporâneo também é chamado de “taoísmo acadêmico” (para diferenciar da religião taoísta anterior que já não era mais um caminho espiritual individual, mas uma religião de massa) possui práticas e crenças populares de adivinhação, criação de amuletos, invocação de divindades e espíritos que trazem proteção e prosperidade.
É considerada uma religião politeísta e ainda é bastante influente nas áreas rurais habitadas pelos chineses. O taoísmo também tem uma forte presença em Hong Kong, Macau e sudeste da Ásia.
Nós do ocidente, sem saber já conhecemos um pouco da simbologia do taoísmo sem nem mesmo perceber. O famoso símbolo yin e yang é uma ilustração fundamental das crenças taoístas. Nele, podemos ver a importância da harmonia na tradição taoísta.
Sobre a história do Taoísmo
A história do taoísmo remonta ao período de 770-476 aC. Onde na Ásia foi um período de muitas escolas de pensamento, turbulência política e guerra.
Seu devenvolvimento é interessantíssimo. Achei complicado entender as épocas e dinastias (infelizmente não temos muito acesso à história da ásia aí no ocidente) mas ainda assim acho válido compartilhar.
No final da dinastia Tang (618-907), os imperadores favoreceram o taoísmo e eram contra o budismo (que havia se tornado muito poderoso) e também contra o cristianismo. Eles reprimiram o que chamavam de “religiões estrangeiras”.
Mais tarde, alguns imperadores da Dinastia Song (960-1279) promoveram o daoísmo (ou taoísmo). Então o confucionismo, o taoísmo e o budismo foram sintetizados no que é chamado de escola neoconfucionista.
Durante a dinastia Qing (1644-1912), o budismo tibetano e o confucionismo foram favorecidos. O taoísmo estava em desfavor da classe dominante, mas a religião popular continuou até o século XX.
Uma curiosidade é o fato de Sun Yat-Sen, primeiro presidente da República da China (1912-49), era cristão. Ele se ressentiu da influência do que ele pensava ser idolatria e superstição, quando jovem, ele fugiu para Hong Kong depois de danificar um ídolo taoísta em um templo.
A queda da dinastia Qing, em 1912, teve um grande significado para os taoístas, que um grande deus taoísta, o imperador, se foi. Outros deuses e imortais se tornaram mais importantes.
A religião popular e a filosofia taoísta foram representadas durante as décadas de 1950 e 1960 e, especialmente, durante a Revolução Cultural. Templos foram destruídos e monges foram derrotados. As velhas idéias conflitavam com o marxismo. Por aqui também vemos política e religião sempre juntas.
Taoísmo no ocidente
O taoísmo surgiu no ocidente, especialmente nos Estados Unidos e na Alemanha, por volta dos anos 60. Uma escola dessa religião é representada pelo mestre taoísta Ni Huajing (Hua-Ching Ni), que ensina a antiga tradição acadêmica daoísta com os seguintes nomes “O Caminho Integral” ou “O Caminho Universal”.
Essa tradição enfatiza a diferença entre religião e espiritualidade, apontando para a possibilidade de adquirir conhecimento espiritual como uma questão de objetivo pessoal e um caminho de perfeição individual que requer auto-cultivo contínuo.
O Taoísmo nos dias atuais
Hoje em dia, as pessoas praticam publicamente e sem medo a religião popular, como adivinhação nos templos e homenagem aos túmulos ancestrais. O Tai chi e o Feng Shui são muito populares. Em Hong Kong e Taiwan, existem grandes e bem organizados templos taoístas.
O taoísmo também é uma religião comum entre as populações chinesas em outros países, como Indonésia e Singapura.
Em Hong Kong um dos templos mais famosos é o Wong Tai Sin temple. O site é esse aqui: clique aqui.
Eu confesso que ainda fico extremamente confusa. Quando visito templos ainda não consigo distinguir se se a influência é budista, confucionista ou taoísta. Mas sigo minhas pesquisas e estudos.
No próximo texto compartilho com vocês sobre o budismo!
Foto capa: Wong Tai Sin Temple
Fonte: Wikipedia