Na real, o que é ser mãe expatriada?
Dia desses me peguei pensando em uma hashtag que uso muito no meu Instagram, a #maeexpatriada. Muitas vezes, conversando com amigas que também moram fora do Brasil, usamos esta expressão para identificar, explicar ou até mesmo justificar determinada ação ou comportamento.
Aí eu fiquei pensando, o que significa ser mãe expatriada?
A primeira resposta à minha pergunta foi o óbvia: ser mãe expatriada é criar os filhos distante de seus país natal. Mas esta simples resposta não me convenceu.
Por isso, inauguro hoje uma série de textos onde compartilho com vocês minhas experiências pessoais e reflexões sobre as delícias e desafios de ser mulher e mãe expatriada.
Meu primeiro desafio: E se meu filho não aprender o inglês?
Quando nos mudamos para Hong Kong, Arthur tinha seis anos, iria começar a alfabetização no Brasil e nunca tinha feito aulas de idiomas.
O inglês foi um desafio enorme para ele nos seis primeiros meses (a partir do nosso terceiro mês ele começou a dar sinais que entendia alguma coisa e, a partir do sexto mês, ele começou de fato a interagir sozinho).
Eu como não tinha experiência nenhuma em morar fora e menos ainda em alfabetização em outro idioma, quase surtei nos primeiros meses. Cheguei a cogitar voltar para o Brasil, porque achei que ele não fosse aprender (quando lembro disso me dá vontade de rir e chorar). E o pior é que eu ficava tão preocupada que o deixava ainda mais nervoso.
Outro detalhe importante, existe um número enorme de famílias brasileiras morando em Hong Kong e acho que a maioria mora no meu bairro rsrs.
Na primeira escola que o Arthur estudou tinham várias crianças brasileiras na sala dele. Num primeiro momento achei que seria um ponto positivo mas com o passar dos meses notei que ele estava muito confortável e sem interesse em aprender o inglês.
Ainda na escola internacional, ele fez por mais de um ano aulas particulares de inglês, investimos muito para que ele conseguisse se comunicar minimamente.
Somente 1 ano e meio depois, já na escola pública, que o Arthur se tornou fluente no inglês e começou a se comunicar em chinês. Nos primeiros meses, ele chegava em casa chorando reclamando de cansaço e dor de cabeça. Acho que foi nessa época que de fato Arthur “virou a chave” para o inglês.
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Já com a Sofia essa parte foi mais fácil. Como ela chegou aqui com três anos, teve a oportunidade de aprender os idiomas novos desde o início. Hoje em dia ela diz com a maior naturalidade que inglês e chinês são facílimos e que português é muito difícil (se ela diz…rsrs)
Dica de ouro: Respeite o seu tempo e o seu momento
Quando cheguei em Hong Kong (completamente perdida e deslocada) ouvi muita gente dizer que a experiência de ser expatriada era facílima, que não havia dificuldades nem desafios. Lembro-me até hoje como me senti mal com isso, uma vez que não estava sendo nada fácil para mim.
No início, o inglês era um grande desafio, mas nem era só isso. Também tive que aprender a lidar com as diferenças culturais, a dependência do marido e não poder contar com a ajuda dos familiares, como já estava acostumada no Brasil.
É uma mudança enorme e ouso dizer que, para nós mulheres é ainda mais difícil. Os maridos estão trabalhando, as crianças vão para a escola e nós ficamos perdidas nesse mundo novo.
Outra coisa que quero comentar, muito cuidado com as pessoas que você escolhe para dividir seus medos e aflições. Esse aprendizado foi árduo para mim, nem todo mundo que fala seu idioma e “lhe estende a mão” está querendo o seu bem, não é porque é brasileiro que é seu camarada. Mas isso é papo que rende outro texto rsrs.
Entendam amigas, a mudança não é só de endereço
Enquanto eu tentei reproduzir a vida que tinha no Brasil aqui na Ásia me decepcionei muito e percebi que não aproveitaria tudo o que essa vida de expatriada tem a oferecer. Penso que é uma quebra de paradigmas e mudança de conceitos ( e eu jurava que não tinha conceitos e preconceitos arraigados rsrs).
Percebi que a vida de expatriado além de proporcionar conhecer culturas e pessoas diferentes também te dá a oportunidade de consolidar o vínculo com a família (quem ficou no Brasil, é parente minha gente!), aprender a curtir a sua própria companhia (em primeiro lugar) seu marido e seus filhos, ter momentos em família é maravilhoso!
Portanto, querida leitora, meu conselho para você que acabou de se mudar ou que está na iminência de sair do seu país natal é, tenha paciência com você, com seu filho e com seu marido. Vá devagar e respeite o seu ritmo. Nós mulheres somos o esteio da família. Se estamos bem, todos ficam bem (pode parecer clichê mas não é).
Respira fundo cuide de você e, como diz o Nemo do desenho, “ continue a nadar” que tudo se ajeita.
Um beijo e até a próxima!
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Texto excelente!!! Super bem falado em cada detalhe… eu acrescentaria alem de respeitar o tempo, respeitar as suas vontades, pois qdo chegamos é tudo tão novo… tantas pessoas diferentes falando ao mesmo tempo…. então acredito q respeitar S próprias vontades, os próprios anseios e inclusive a própria privacidade são pontos que para mim acabam contando muito! Parabéns pelo texto!!! Sou tua fã! E agradeço HK por ter nos apresentado!
Karla, seu texto ficou muito bom. Continue “nadando”, não existem barreiras que não possam ser superadas, quando se tem um objetivo à alcançar.
Vá em frente!